A Cela por Sílvio Gama nos contos de 3º grau - 4ª parte. Continua...

Contos de 3º Grau...

A Cela por Sílvio Gama nos contos de 3º grau - 4ª parte. Continua...

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Clube de Matemática SPM

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Título: “A Cela”
  

1ª Parte - José Carlos Santos       2ª Parte - Filipe Oliveira     3ª Parte - José Veiga de Faria   
4ª Parte - Sílvio Gama                  5ª Parte - Paulo Correia      6ª Parte - Carlos Marinho (Fim do episódio...)

  

      

1ª Parte por José Carlos Santos

 

A Alice começou a acordar, com a sensação vaga de que algo estava errado. A cama não parecia ser a sua e havia uma luz acesa, quando ela dormia sempre às escuras. Começou lentamente a tomar consciência do que a rodeava. As paredes do compartimento onde se encontrava eram de cimento e a luz vinha de uma lâmpada fluorescente que estava no tecto. Que local seria aquele?   
Desde nova que tinha consciência de os pais recearem que fosse raptada, por ser filha (única) de um casal abastado. Mas desde que chegara à idade adulta esse receio esmoreçera, pois sabia tomar conta de si própria e levava uma vida tranquila, trabalhando como bancária e tendo uma vida social pouco intensa.   
Olhou à sua volta. Tudo indicava estar em algum tipo de cela. A cama, muito simples, estava encostada a uma parede. Não havia qualquer elemento decorativo e o único móvel além da cama era um armário. Como teria ido ali parar? A última coisa de que se recordava era de ter ido jantar com amigos e ter começado a ter muito sono. Ter-lhe-iam drogado as bebidas?


2ª Parte por  Filipe Oliveira

 

⁃   Bom dia Joana!  
⁃   Quem...quem está aí?  
⁃   Não tenhas medo Joana, está tudo bem!  
⁃   Não me chamo Joana, chamo-me Alice!  
⁃   Não, minha querida, não te chamas Alice, chamas-te Joana, mas teremos muito tempo para falar sobre esse assunto...  

O misterioso interlocutor de Alice apareceu de repente à sua frente, em contra-luz. Alice não lhe conseguia ver as feições, mas percebeu tratar-se de um homem na casa dos 50 anos, vestido de forma simples, mas elegante.  

Uma outra voz fez-se ouvir, mais atrás:  
⁃   Pai, pai, a Joana já acordou?  
⁃   Calma, Maria, ainda está a acordar lentamente. Está confusa, como seria de esperar. Porque não te sentas um pouco ao pé dela?  

Alice viu então Maria, que se sentou ao fundo da sua cama. Não queria acreditar, era a sua cópia exacta, um pouco como ver-se ao espelho. Sentiu uma tontura e as pálpebras, pesadas, a fecharem-se de novo.


3ª Parte por José Veiga de Faria 

  

Quando por fim acordou mesmo, viu que estava no seu quarto. O dia estava lindo, cheio de sol.  
As imagens da noite agigantavam-se no seu espirito. Tinha dormido atormentada com o pânico de ser raptada. Mas que tipo de rapto lhe causava tanto pavor?  Ela, que era aluna interessada de Psicologia, estava familiarizada com os processos,  descritos por Freud, que intervinham na elaboração de um sonho e sabia que associação livre de ideias era o caminho para chegar, a partir do conteúdo manifesto, ao conteúdo latente do mesmo. Pensou nos pais, que tanto gostavam dela, mas que queriam metê-la numa forma para lingotes de ouro onde não cabia. Ela vivia em luta constante para preservar a sua forma de ser, pensar e sentir. Não era difícil encontrar uma interpretação para estes sonhos que deixasse claro que o conteúdo latente traduzia essa luta titânica. Raptada sim mas de si própria. 
Lembrava-se de ter discutido o assunto com um tio já velhote que lhe contou que numa antiga revista chamada Seara Nova tinha aparecido uma referência jocosa a um jovem tenente (aparecia a imagem) que gerava outro igualzinho incrivelmente e assim por diante (várias imagens iguais) até que um dia apetece à gente uma omelete de repente…(e aparecia o boneco já sem farda a dar um enorme salto de alegria e liberdade…). Sim ela queria uma omelete de repente…


4ª Parte  Sílvio Gama 

Sim, uma omelete com seis ovos, queijo, salsa e cogumelos. Hum... Seis ovos? Se houvesse ovos de avestruz à venda, um único ovo deveria ser suficiente. Alto lá! Alto lá! Quem tem mais dificuldade em pôr ovos? A galinha ou a avestruz?

Alice começou a estranhar a cadeia de pensamentos do paralelo infinito que cavalgavam na sua mente. “Que se passa comigo?” Levantou-se da cama, calçou as pantufas e dirigiu-se à cómoda para buscar os óculos. Aí encontrou uma carta amarrotada e umas pastilhas amarelas florescentes juntas a um copo de água. Pegou na carta e com as mãos alisou-a no tampo da cómoda.


5ª Parte por Paulo Correia

  


6ª Parte por Carlos Marinho 

FIM 

Publicado/editado: 18/11/2014