Novidade-José Carlos Santos (FCUP) edita livro de Matemática - Números

José Carlos Santos (FCUP) edita um livro de Matemática chamado "Números". Esta obra será apresentada no próximo dia 2 de dezembro pelas 18 horas, na Fnac do Santa Catarina, na cidade do Porto. A edição de um livro de matemática é sempre uma boa noticia. Esta obra intitulada "Números" tem o objetivo de abordar o estudo dos cinco tipos de números que são estudados no Ensino Básico e no Ensino Secundário: naturais, inteiros, racionais, reais e complexos. "Números" é uma excelente novidade.

Como uma boa noticia nunca vem só, aqui fica em exclusivo e em primeira mão as palavras de José Carlos Santos sobre este(s) ..."Números"...

Números é um bom título para um livro de matemática. Porquê este nome? 

O que é que havia de chamar a um livro sobre números? «O livro dos números» já existe (e é muito bom). «Todos os números, grandes e pequenos»? «Tudo o que sempre quis saber sobre números mas jamais ousou perguntar»? Senti que quaisquer palavras que tentava acrescentar a «números» estavam a mais.

Como surgiu a hipótese de escrever esta obra? 

Como é habitual em mim, quando sou regente de uma cadeira durante vários anos começo a preparar apontamentos para os alunos. Neste caso, a cadeira em questão foi Formação Complementar em Matemática I, do Mestrado em Ensino da Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Ainda por cima, já tinha escrito em 2005 um texto sobre indução matemática, destinado aos alunos que começavam a frequentar uma licenciatura em Matemática, que incorporei nestes apontamentos. Ao fim de algum tempo, apercebi-me de que tinha em mãos um texto razoavelmente completo sobre números e resolvi publicá-lo.

Que tipo de matemática podemos encontrar neste seu livro? 

Este livro aborda o estudo dos cinco tipos de números que são estudados no Ensino Básico e no Ensino Secundário: naturais, inteiros, racionais, reais e complexos. Dentro disso, a Matemática que pode ser encontrado no livro vai desde tópicos bastante básicos (representação decimal dos números, representação dos números em diversas bases, regra de Ruffini) até temas razoavelmente sofisticados (demonstração da não-numerabilidade dos reais usando teoria dos jogos, existência de números transcendentes, demonstração da irracionalidade de pi).

Quanto tempo demorou a escrever este livro? 

Comecei a redigir os apontamentos logo no primeiro ano em que regi a cadeira (que foi o primeiro ano em que ela funcionou), em 2008/2009. Nesse ano, redigi somente apontamentos relativos a números naturais e a números inteiros. Dei o texto por acabado e enviei-o para a Editorial da Universidade o Porto em Janeiro de 2012. O processo de revisão foi bastante longo e só terminou em Março de 2014. Em seguida, fiz a paginação do livro (gosto da paginar os meus próprios livros), a qual ficou concluída em Julho.

Qual o plano seguido para iniciar e acabar? Por exemplo, quantas páginas escrevia por dia? Quando é que percebeu que o livro estava finalizado? 

Não sei quantas páginas escrevia por dia. De cada vez que regi a cadeira (estou a regê-la pela sétima vez este ano) retomava o que tinha feito no ano anterior e ampliava-o. Dei o livro por finalizado quando senti que não tinha mais nada que quisesse acrescentar.

Este livro está muito vocacionado para o ensino básico e secundário porque... 

O livro aborda tópicos típicos desses níveis de ensino e, além disso, explica porque é que certas coisas funcionam. Por exemplo, a regra de Ruffini é dada no Ensino Secundário e os alunos não têm dificuldade em perceber como usá-la. Mas quantos viram uma explicação do motivo pelo qual funciona? Ou de porque é que qualquer número natural se pode exprimir como produto de primos de uma e uma só maneira (a menos da ordem)?

Há uma série americana chamada “Numbers”, no qual um agente do FBI com a ajuda do seu irmão resolvia crimes com a ajuda dos números. Isto é possível ou não passa de ficção? 

É possível, mas, apesar do título, a série recorre a muita mais Matemática além de números.

Está em equação a edição de um novo livro? 

Não para já.