O matemático americano Herbert E. Robbins por Adília Marinho - Nasceu a 12 janeiro

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Adília G. Marinho - Professora de Matemática Ver Perfil)


 

Herbert E. Robbins (1915/2001) nasceu a 12 de janeiro, 1915, em New Castle, Pensilvânia.

 

Robbins, é reconhecido como um dos matemáticos mais versáteis, criativos e originais do século XX.

 

Na escola não foi um aluno particularmente interessado em matemática, gostava era de literatura, mas quando entra em Harvard opta também por estudar “Cálculo” e no final do primeiro ano é convidado pelo Departamento de Matemática de Harvard para pertencer à equipa de matemática, tendo sido “treinado” para as competições por Marston Morse.

 

Em 1935 forma-se em Harvard e três anos depois obtem o doutoramento em Matemática.

 

Foi professor universitário, membro da “National Academy of Sciences” e da “American Academy of Arts and Sciences” e presidente do “Institute for Mathematical Statistics”.

 

É conhecido por ter escrito o best seller, 

 

“What Is Mathematics?”. 

 

Este livro escrito em conjunto com o matemático Richard Courant foi publicado em 1941 e elogiado por Albert Einstein.  

 

O livro apresenta matemática avançada de uma maneira compreensível para não matemáticos e inspirou muitos jovens estudantes a seguir matemática. Foi com dedicação que Robbins se entregou a este projeto e no final sofre uma grande desilusão pois Courant não incluiu o seu nome como autor do livro. Depois de ter lutado para que o seu nome constasse do livro, Courant envia-lhe todos os anos a sua parte de “royalties” mas Robbins nunca soube quantas cópias tinham sido vendidas e se o dinheiro que recebeu era o correto.

 

Robbins fez pesquisa em topologia, teoria da medida, probabilidades e estatística, além de outros campos.

 

Começou por se dedicar à topologia mas é no domínio da estatística que desenvolve várias técnicas estatísticas que são muito utilizadas.

 

Desenvolveu técnicas para melhorar as previsões desenhando em dados adicionais relacionados. Um dos exemplos conhecidos é o de prever o número de acidentes para condutores que não tenham tido acidentes no ano anterior.

 

Outra das suas maiores contribuições foi a aproximação estocástica, que refinou a técnica de Sir Isaac Newton para encontrar soluções para uma equação, tornando capaz o cálculo de soluções, mesmo quando os dados apresentam erros aleatórios. Esta técnica tem aplicações práticas, por exemplo, na determinação da dose óptima de um medicamento, e, também, se tornou num protótipo para muitos algoritmos iterativos para o controle on-line dos sistemas de engenharia.

 

Destacamos, ainda, as seguintes descobertas e contribuições para a matemática: o "Robbins Lemma" (Lema de Robbins), utilizado no "Empirical Bayes Method" (método de Bayes empírico); o Teorema de Robbins na área da Teoria dos Grafos; "Robbins Algebra"; "Ear decomposition" ou ainda chamado de “Whitney–Robbins synthesis" devido ao trabalho pioneiro em decomposição de orelhas de Whitney e Robbins; "Fourth secretary problem" ou “Robbins' problem (of optimal stopping)”.

 

Robbins, entrevistado por Warren Page (entrevista reproduzida no livro ''Mathematical People: Profiles and Interviews'' - uma entrevista de fácil leitura e extremamente interessante, que se recomenda), descreveu os seus esforços como cheio de falsas partidas referindo: 

 

“Most of the time I'm just sitting there, in an almost detached manner, thinking, 'Well, here's another day's wastebasket full of paper. Nothing's come through. Maybe another day. Maybe I should stay up tonight and try some more.' I stay up nights when my wife and children have gone to sleep. Over and over again I keep working at it, trying to understand something which after months or even years turns out to be so simple that I should have seen it in the first ten minutes. Why does it take so long? Why haven’t I done ten times as much as I have? Why do I bother over and over again trying the wrong way when the right way was staring me in the face all the time? I don’t know.” 

 

Ainda, refere como se sente no momento a seguir a uma descoberta: 

 

“I feel like someone who has climbed a little mountain the wrong way. Once I get the message, so to speak, I try to write it up as clearly as possible. Then I want to get away from it. I didn’t do it. I don’t want to see it again; I had enough trouble with it.”

 

Sobre as crianças de hoje em dia, disse:

 

“All I know is that they’re a lot different from what I was like. When I was their age, I used to go down to the public library after school, and come home with an armful of books. I’d read them all before the next day—I must have read every book in the library.”

 

Robbins pensava que era um professor de profissão e que a pesquisa era o que fazia por diversão. Queria mostrar às pessoas o que ele via, o que mais ninguém tinha visto, para que pudessem partilhar com ele esse conhecimento.

 

 

Acreditava que a direção e o futuro da Estatística deveria ser na Bioestatística, que lida com a aplicação de métodos estatísticos para a saúde humana e doenças. Entendia que a necessidade de “Bioestísticos” treinados é enorme, mas que a oferta era pouca.

 

Terminamos este texto deixando o conselho de Robbins para futuros matemáticos:

 

“... for the future I recommend that we work on interesting problems, avoid dogmatism, contribute to general mathematical theory or concrete practical applications according to our abilities and interests and, most important, formulate for ourselves a canon of humanistic values that will inspire and justify our work on a higher level than that of the well-trained and useful technician.”

Publicado/editado: 12/01/2019