Intersecções por Daniela Gonçalves - Avaliar o nosso desempenho é uma ação estratégica

Eixos de Opinião de novembro de 2018

Título: Avaliar o nosso desempenho é uma ação estratégica

Seguimos a nossa vocação e tornamo-nos professores e professoras. Somos aqueles/as que são apaixonados pelo ensino! Esta paixão expressa-se através do modelo e da referência que cada um de nós é capaz de ser: um testemunho e/ou exemplo. Expressa-se, ainda, pelo impacto comunicacional que vai conseguindo ter nos que o rodeiam, bem como pelo autoconhecimento e pela (pre)ocupação com os outros que evidencia diariamente. Mas a vocação e a paixão não são suficientes. Falta “adicionar” o saber. O rigor. A competência. O conhecimento. Deste modo, tornamo-nos, verdadeiramente, profissionais: professores e professoras. 

É exigido ao professor que seja coerente com as regras e com os princípios éticos, morais e deontológicos que diz defender. É exigido ao professor que assuma os compromissos não só com os resultados, mas também, e principalmente, com a melhoria contínua daqueles que ensina, deixando atrás de si uma herança de alunos e alunas mais competentes, autónomos, conhecedores e felizes.

Nesta medida, e como qualquer outro profissional, considero fundamental a avaliação do desempenho docente, porque toda a ação profissional deve ser pautada pela exigência, pelo rigor e pela competência. Tenho a forte convicção de que TODOS teremos muito a aprender, desaprender e reaprender (também) com a avaliação de desempenho, implicando aceitar este procedimento como uma ação estratégia de exigência com repercussões, quer no desenvolvimento profissional docente, quer na qualidade da prestação do serviço educativo. 

Vejamos: preconizo uma avaliação de desempenho que supere um expediente burocrático, cuja finalidade é manter um controlo sobre os professores que os desqualifica enquanto profissionais (e pessoas). Ao invés, é o momento de conceber uma lógica de avaliação de desempenho como um processo capaz de potenciar uma realidade em que os docentes se assumam quer como profissionais mais exigentes, quer como profissionais mais capazes de fomentar intervenções de natureza transformadora. Por isso, trata-se de uma modalidade de avaliação que, para poder ser concretizada com todas as condições, tem que ser assumida num compromisso entre o Estado, os estudantes, os professores e a comunidade.  

Se a função docente é, em si mesma, complexa, os instrumentos de avaliação têm de corresponder a essa complexidade, dando conta da amplitude das tarefas e das suas especificidades. 

Chegou o tempo que construir um modelo de avaliação de desempenho docente que seja consistente e consciente, porque os professores querem (e precisam de) ser avaliados, mas de uma forma que os dignifique como pessoas e como Educadores que decidiram pela servir a sociedade e que, incessantemente, estão (devem estar) disponíveis para aprender, desaprender e reaprender. Tudo em prol de mais e melhor conhecimento. Tudo em prol de mais e melhor qualidade. Tudo de prol de mais e melhor educação.

Publicado/editado: 08/11/2018