Intersecções por Daniela Gonçalves - Por uma Escola que promova uma apropriação integrada...

Eixos de Opinião de junho de 2018

Título: Por uma Escola que promova uma apropriação integrada dos conhecimentos conceptuais, procedimentais e atitudinais 

A qualidade e a excelência assumem-se como novos paradigmas de uma escola que se abre aos seus "clientes futuros": as universidades e as empresas. Nesta lógica, a escola com qualidade é aquela que promove o progresso de todos os alunos em todos os aspetos do seu rendimento e aproveitamento, para além do que se podia esperar, dada a sua situação inicial e o seu aproveitamento anterior, assegurando que cada aluno consegue o maior sucesso possível e continua a melhorar de ano para ano. Uma escola assim remete para o princípio da equidade: uma escola só é eficaz se o for para todos os alunos e para cada um(a). Podemos então relacionar a escola com a noção de valor acrescentado, o indicador utilizado para medir a sua eficácia: não é o rendimento máximo da escola, mas sim o avanço relativamente às suas potencialidades e que salienta o desenvolvimento integral do aluno, não reduzindo o seu sucesso aos aspetos meramente cognitivos. Uma escola que aposta na continuidade, ou seja, uma escola com qualidade tem de manter elevados padrões de desempenho ao longo de um certo número de anos. Desta forma, o sistema educativo continuará a ter de promover o talento e o mérito; paralelamente, não poderá deixar de promover o sucesso "mínimo" de modo a que todos possuam a escolaridade obrigatória. Algures neste desígnio, não esqueçamos que a escola deve promover essencialmente o saber pensar e o saber perguntar, encontrando vias de concretizar aprendizagens sustentáveis. Ora, e neste âmbito, aprender implica uma apropriação integrada dos conhecimentos conceptuais, procedimentais e atitudinais, que permita atribuir sentido e significado à realidade, para poder agir adequadamente e para continuar a aprender. Caberá ao professor desenhar/apresentar/propor a(s) estratégia(s) mais adequada(s) à construção efetiva do conhecimento, numa perspetiva colaborativa, investigativa e reflexiva, que implica 

(1º) partir de um contexto pessoal e social significativo – situação problemática e seu questionamento; 
(2º) adquirir, mobilizar, relacionar e (re)criar o maior número de conhecimentos pertinentes – disciplinares e interdisciplinares – na investigação e resolução dos problemas; 
(3º) avaliar e refletir sobre os processos desenvolvidos e os resultados atingidos. 

Na promoção de aprendizagens efetivas, sendo capaz de (re)construir conhecimento, o professor deve ser capaz de agir e de reagir de forma apropriada perante situações mais ou menos complexas, através da mobilização e combinação de conceitos, procedimentos e atitudes, num contexto significativo e enformado por valores. 

Trata-se, portanto, de um saber mobilizar, um saber combinar, um saber transferir, um saber partilhar e um saber agir e reagir. Evidentemente, e de acordo com Bolívar (2012:202), “(...) é melhor concentrarmo-nos na melhoria das habilidades e conhecimentos dos professores de modo a poderem obter uma incidência direta no modo de ensinar e dos alunos aprenderem”

Por outras palavras, é necessário que a formação (inicial) de professores promova a  aquisição e desenvolvimento de competências essenciais que permitam às pessoas compreender e participar na sociedade do conhecimento, mobilizando o saber, o saber fazer e o ser na resolução de problemas com que o mundo atual as confronta constantemente, exigindo, necessariamente, o domínio das matérias e capacidades pedagógicas (hard skills) intersectadas com as designadas soft skills (pensamento estratégico, gestão de conflitos, comunicação interna e externa, motivação, liderança, gestão, trabalho em equipa, capacidade de persuasão, entre outras). 

Publicado/editado: 08/06/2018