N(eur)ónios por Tiago Fleming Outeiro - Do infinitamente pequeno, ao infinitamente grande: porque há mais do que Covid-19

Eixos de Opinião de Fevereiro de 2021

Tiago Fleming Outeiro - Director of Department of Experimental Neurodegeneration Center for Nanoscale Microscopy and Molecular Physiology of the Brain - University Medical Center Goettingen (Ver +)


Título: Do infinitamente pequeno, ao infinitamente grande: porque há mais do que Covid-19

O tema do momento mantém-se... cansa... satura... frustra. Por isso temos de (nos forçar a) pensar noutras coisas. E há tantas por aí, sem que sejam todas más.

Algo que me fascina, desde criança, é o espaço. Não vivi os anos da conquista do espaço, das idas à lua, e de toda a fantasia que se criou e que levou, entre muitos, ao clássico filme de ficção “2001, a Odisseia no Espaço”. Mas vivi 2001, já depois da mudança do milénio que decorreu sem sobressaltos. Não viajamos ainda pelo espaço fora, mas vivemos actualmente um novo fôlego na corrida espacial. Para além dos EUA e da Rússia, temos também a China, a Índia, e alguns consórcios de outros países a investirem nesta aventura. Mas temos também um novo interveniente, de iniciativa privada: a Space X. Isto demonstra que ainda é possível ao “homem” sonhar, e que o conhecimento que temos actualmente nos pode levar a ultrapassar as fronteiras que conhecemos. 

Temos assistido a inúmeros sucessos da Space X na tentativa de possibilitar viagens espaciais, reduzindo os custos (sempre) astronómicos que lhe estão associados. E temos também assistido a alguns fracassos, em que alguns ensaios não terminam da forma esperada, como o teste SN9 com a Starship. Mas estes fracassos são importantes e extremamente informativos, pois ajudam a corrigir o que ainda não funciona tão bem, na expectativa de que, quando for ‘a sério’, as coisas corram sem sobressaltos.

Temos perspectivas, e expectativas, de missões tripuladas à lua, talvez já em 2024, com a missão Artemis, da NASA. Pessoalmente, gostaria muito de poder assistir e vivenciar este regresso da humanidade ao nosso satélite natural. Esta missão terá também um significado especial, pois está prevista a presença da primeira mulher na superfície lunar. E espera-se que, depois desta missão, não seja necessário fazer disto notícia, e que homens e mulheres participem nestas missões importantes para toda a humanidade, que nos podem abrir outras portas para o espaço, nomeadamente para Marte – este será o grande objectivo destas novas missões à lua, permitindo testar tecnologias que permitam a exploração sustentável de Marte. O calendário aponta para o final da década, mas o tempo mostrará se isto será exequível.

Deixo essas aventuras para outros, bem mais audazes, e que não se importem de vestir fatos pouco confortáveis e andar em ambientes ainda hostis para nós, simples terráqueos. Apesar de me sentir atraído pela grandiosidade do Universo, e de todos os segredos que ainda esconde, não tenho a ambição de uma aventura espacial, confesso. Acredito que a vista do nosso planeta azul desde o espaço seja fantástica, mas confesso que prefiro constatar isso através de fotografias e vídeos, talvez confortavelmente sentado numa bela praia na Terra.

 

 

Publicado/editado: 23/02/2021