Vida & Obra de Herbert Robbins

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Herbert E. Robbins (1915 - 2001) foi um matemático norte-americano. 

O pai de Herbert morreu quando ele tinha treze anos, deixando a família em dificuldades financeiras.

Na escola Robbins gostava muito de literatura e não foi um aluno particularmente interessado em matemática. Robbins referiu:

“I used to go down to the public library after school, and come home with an armful of books. I'd read them all before the next day. I must have read every book in the library.”

Quando entra em Harvard com apenas 16 anos, além de estudar Literatura opta também por estudar Cálculo.  No secundário Robbins adquiriu poucos conhecimentos de matemática e pensou que a cadeira de Cálculo ser-lhe-ia útil se quisesse estudar alguma das ciências. No final do primeiro ano foi surpreendido com o convite do Departamento de Matemática de Harvard para pertencer à equipa de matemática, tendo sido “treinado” para as competições por Marston Morse. 

Em 1935 forma-se em Harvard e permanece em Harvard para fazer o seu doutoramento; foi nessa altura que quase por acaso começa a dedicar-se à topologia.

Robbins explica como começou o seu estudo em topologia:

“Hassler Whitney had come back from a topology conference in Moscow around 1936, and in a talk at Harvard on some of the topics discussed at the conference, he mentioned an unsolved problem that seemed to be important. Since I was then a graduate student looking for a special field to work in - not particularly topology, since I hadn't even taken a course in the subject - I asked Whitney to let me work on it. That's how I got started.”

Três anos depois, em 1938, Robbins termina o seu doutoramento em Matemática e Marston Morse convida-o para ser seu assistente no Institute for Advanced Study de Princeton. No entanto, Robbins precisava urgentemente de um cargo permanente para poder sustentar financeiramente a mãe e a irmã e quando Richard Courant contatou Morse a pedir que recomendasse alguém para o cargo de Instrutor de Matemática na Universidade de Nova Iorque, Robbins sugerido por Morse aceitou o cargo com agrado.

Durante o período como professor na universidade de Nova Iorque Robbins escreveu em conjunto com Courant o famoso livro “What Is Mathematics?”. Este livro foi publicado em 1941 e muito elogiado por Albert Einstein. O livro apresenta matemática avançada de uma maneira compreensível para não matemáticos e inspirou muitos jovens estudantes a seguir matemática. Robbins dedicou-se muito a este projeto e no fim sofre uma grande desilusão pois Courant não tinha incluído o seu nome como coautor do livro. Depois de ter lutado para que o seu nome constasse do livro, Courant enviou-lhe todos os anos a sua parte de “royalties” mas Robbins nunca soube quantas cópias tinham sido efetivamente vendidas e se o dinheiro que recebeu era o correto.

Em dezembro de 1941, após o ataque japonês à frota dos Estados Unidos em Pearl Harbor, os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial. Robbins esteve na Reserva Naval dos Estados Unidos entre 1942 e 1946 e quando regressou já não tinha emprego académico; decidiu deixar a matemática e comprou uma quinta em Vermont com os salários atrasados que recebeu da Marinha. Mas, um telefonema de Hotelling a covidá-lo para professor assistente do novo departamento de Estatística Matemática da Universidade da Carolina do Norte fá-lo regressar de novo à matemática.

Robbins dedicou-se à topologia, à teoria da medida, às probabilidades e estatística, além de outros campos. O seu início foi na topologia, mas foi no domínio da estatística que desenvolveu várias técnicas estatísticas que são atualmente utilizadas.

Desenvolveu técnicas para melhorar as previsões. Um dos exemplos conhecidos é o de prever o número de acidentes para condutores que não tenham tido acidentes no ano anterior.

Uma das suas maiores contribuições foi, também, a aproximação estocástica, que refinou a técnica de Isaac Newton para encontrar soluções para uma equação, tornando capaz o cálculo de soluções, mesmo quando os dados apresentam erros aleatórios. Esta técnica tem aplicações práticas, por exemplo, na determinação da dose ótima de um medicamento, e, também, se tornou num protótipo para muitos algoritmos iterativos para o controle on-line dos sistemas de engenharia.

Destacamos, ainda, as seguintes contribuições de Robbins para a matemática: Robbins Lemma; Robbins Theorem; Robbins AlgebraRobbins Problem.

Robbins descreveu os seus esforços como cheio de falsas partidas referindo: 

“Most of the time I'm just sitting there, in an almost detached manner, thinking, 'Well, here's another day's wastebasket full of paper. Nothing's come through. Maybe another day. Maybe I should stay up tonight and try some more.' I stay up nights when my wife and children have gone to sleep. Over and over again I keep working at it, trying to understand something which after months or even years turns out to be so simple that I should have seen it in the first ten minutes. Why does it take so long? Why haven’t I done ten times as much as I have? Why do I bother over and over again trying the wrong way when the right way was staring me in the face all the time? I don’t know.” 

Ainda, referiu como se sentia no momento a seguir a uma descoberta: 

“I feel like someone who has climbed a little mountain the wrong way. Once I get the message, so to speak, I try to write it up as clearly as possible. Then I want to get away from it. I didn’t do it. I don’t want to see it again; I had enough trouble with it.”

Robbins pensava que era um professor de profissão e que investigava apenas por diversão. Sempre quis mostrar às pessoas o que ele via, o que mais ninguém tinha visto, para que pudessem partilhar com ele esse conhecimento.

Robbins foi membro da “National Academy of Sciences” e da “American Academy of Arts and Sciences” e presidente do “Institute for Mathematical Statistics”.

Robbins é reconhecido como um dos matemáticos mais versáteis, criativos e originais do século XX.

 

Refira-se que ao longo do texto apresentámos citações de Robbins, partes integrantes de uma entrevista dada a Warren Page, An Interview with Herbert Robbins by Warren Page

 

Fonte: https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Robbins/

             http://math.fau.edu/Yiu/Oldwebsites/RM2003/cmjRobbins841.pdf 

Por Adília Marinho

Publicado/editado: 12/01/2021