Determinação do ponto do navio
Com o auxílio de elementos da tripulação do navio que, colocados na ponte, me enviavam para a sala de navegação, periodicamente, os ângulos a e b por que eram vistos os faróis A B e B C determinava o ponto do navio da forma seguinte:
Desenhava a mediatriz m do segmento que une os faróis A e B;
Com a ajuda de um transferidor desenhava a recta r que faz um ângulo de 90-a com AB
Determinava a intersecção O de m com r;
Desenhava a circunferência de centro O e raio OA;
Repetia o processo para o outro par de faróis;
O ponto do navio estava na intersecção das circunferências.
Determinação da periodicidade das observações
Comecei por definir à volta dos obstáculos (bancos de areia, ilhotas e também um navio encalhado ) uma zona de segurança: zona a evitar pois se entrasse seria difícil evitar o “encalhanço”.
A carta tinha o registo das correntes de modo que, em cada posição, adicionava os valores absolutos da velocidade do navio e das correntes no local para obter um valor V : assim sabia que a velocidade do navio em relação ao fundo não excedia V.
Calculava a menor das distâncias (D) do navio a cada zona de segurança.
Dividia D por V e obtinha T para tempo entre observações.
E foi assim que depois de uma noite de trabalho árduo chegámos de madrugada a Buba em segurança.
Uma curiosidade
O navio em questão era uma lancha de desembarque.
Transportávamos tropas e equipamento que era descarregado quando a porta baixava e se apoiava sobre uma rampa.
Acontece que os rios na Guiné, com excepção do Corubal, são braços de mar e portanto têm marés. Por isso só podíamos “abicar” com a maré a subir e com a antecedência suficiente para que o trabalho estivesse terminado antes da maré começar a vazar.
Como estas operações eram executadas em zonas onde estávamos ao alcance de fogo inimigo imagina-se o que seria ficar com a lancha pousada na rampa até que a maré voltasse a subir.
Daí a importância de cumprir horários: conseguimos.