1ª Filipe Oliveira 2ª José V. de Faria 3ª Sílvio Gama 4ª Paulo Correia 5ª Carlos Marinho 6ª José Carlos Santos
Título: Fora da Ilha…
1ª Parte por Filipe Oliveira- Dia 1
A Margarida nunca tinha abandonado estas ilhas. Sabia, claro, muito sobre o mundo exterior: era uma aluna aplicada na escola, lia muito, via televisão e tinha até acesso, de vez em quando, a um computador com conexão à internet.
Ainda assim, as pernas tremiam-lhe ao entrar para a cabine. Para dizer a verdade, também nunca tinha andado de avião. Já tinha estado muitas vezes na Vila do Porto e visto muitos aviões a descolar e a aterrar. Mas desta vez encontrava-se a bordo.
A Margarida vinha de uma família de pescadores. Gerações e gerações de pescadores, tanto quanto a memória conseguia lembrar. O mar azul, que alimentou os seus durante séculos, invadiu toda a paisagem que era visível pela janela, à medida que o avião ganhava altitude. Margarida reconheceu São Pedro e a Almagreira. Pequenos bairros que, vistos do ar, pareciam ainda mais pequenos.
A ilha de Santa Maria começou lentamente a desaparecer.
Margarida suspirou e abriu o caderno de apontamentos. «Ora bem, onde é que eu ia», pensou. Olhou para a última linha que tinha escrito.
2ª Parte por José Veiga de Faria - Dia 6
“Tomar o Heathrow Express para Padington depois de comprar um bilhete de ida e volta. Em Padington comer uma empada caseira da Cornualha no excelente Coffee Store da estação…”
Tinha tomado apontamento de todas as informações de viagem que conseguira recolher daquele oficial inglês que conhecera na Terceira e que lhe tinha pedido para transportar, com todo o cuidado, o pequeno caderno de apontamentos cifrado que agora trazia secretamente na parte interior do casaco.
A seu lado um senhor de olhos azuis muito vivos debruçava-se sobre o seu laptop parecendo totalmente absorvido.
Quando deitou a cabeça para trás para pensar e descansar viu que o tipo da frente, com aspecto não europeu, olhava para trás e piscava o olho; virou a cabeça e viu um matulão ligeiramente levantado que levantava o polegar…
Passado um pouco passou a hospedeira e o primeiro indivíduo perguntou-lhe onde era a casa de banho. Depois levantou-se e dirigiu-se para a frente do avião.
Margarida fechou os olhos para dormir. Só se lembrava de ouvir uma porta a fechar-se com estrondo, os gritos de uma hospedeira atirada de roldão pelo corredor, as pessoas da frente a porem-se de pé no meio de gritos desesperados enquanto um terceiro homem se levantava decidido empunhando de forma determinada um formidável revólver…
3ª Parte Sílvio Gama - Dia 11
Instintivamente, Margarida também se levantou, sendo, de imediato, puxada pelo senhor de olhos azuis para o meio dos bancos.
“Dê-lhe o caderno que transporta consigo”, sussurrou-lhe, apontando para um anão que se escondia, mesmo junto a si, por debaixo do banco. Margarida reconheceu Jonas, de alcunha o Taliban de Santa Maria, devido à sua negra e adensada barba.
Apavorada e sem vacilar, confiou o pequeno caderno ao Jonas. De seguida, levantou-se e, ao sentir-se livre do caderno que levava consigo, respirou de alívio. Foi então que sentiu o cano de uma arma no pescoço, ao mesmo tempo que uma mão lhe premiu fortemente a nuca em direcção ao chão.
Margarida pôde observar um canto da barba de Jonas prensada pelo sapato de quem a prendia.
“Caminhe para a cabine do avião” – ouviu. “Rápido!”
4ª Parte por Paulo Correia - Dia 16
Já na cabine do avião, o homem que a conduziu até ali, e outro que já estava na cabine identificaram-se. Eram da polícia e pretendiam resgatar o caderno que lhe tinha sido entregue pelo oficial Inglês...
Deveria ser verdade – toda a tripulação colaborava com os dois homens.
Margarida, ficou sem palavras... instintivamente decidiu colaborar com Jonas e o senhor dos olhos azuis. Disse que não sabia nada de caderno nenhum... foi revistada de forma desagradável e toda a sua bagagem de mão foi analisada, ali mesmo na cabine.
Passado pouco tempo trouxeram Philip, o senhor dos olhos azuis que estava ao seu lado. Negou saber qualquer coisa sobre o tal caderno. Revistaram-no a ele e à sua bagagem de mão... Philip mantinha uma postura serena e carismática.
Os polícias tentaram demover Margarida explicando-lhe que Philip era um homem perigoso e que o caderno continha dados importantes sobre transações financeiras ilícitas. Philip negava com acenos de cabeça e Margarida acreditava em nele... Um homem mau não deveria inspirar-lhe confiança, e Jonas não lhe parecia ligado ao mundo da alta finança...
5ª Parte por Carlos Marinho - Dia 21
De repente, sentiu-se uma turbulência inexplicável no interior do avião. Estava a cair, literalmente a perder altitude. Mas porquê? Estavámos em pleno verão, temperatura boa, isenção de vento.
Entre os gritos dos passageiros, uma vez que se tratava de voo comercial, começou a ver-se fumo a sair da cabine. Entre o fumo surge James…nada mais nada menos que o oficial inglês. Era ele o comandante do voo. Num ápice, largou outra bomba de fumo. De seguida, resgatou Margarida das mãos dos hipotéticos policias e sob o olhar incrédulo de Jonas e de Philip, abriu a porta principal do avião. Agarrou com força Margarida e simplesmente saltou, não sem antes ter esmurrado o homem que detinha o caderno. Em poucos segundos, Jonas, Philip e os dois polícias imitaram os 2 fugitivos, saltavam também do avião.
Para além de saber o que continha aquele inusitado caderno, a hora era de pensar quem iria pilotar o avião que descia vertiginosamente em direcção ao solo.
Enquanto isso, 6 pessoas saltavam de pára-quedas, numa perseguição absolutamente incrível...
6ª Parte por José Carlos Santos - Dia 26 - Fim do Episódio
Cinco pára-quedas abriram-se, um dos quais a amparar a queda de duas pessoas: Margarida e James.
No céu, o avião retomava altitude. Margarida estava agarrada a James com toda a força sem saber o que pensar de tudo aquilo. «Não te preocupes» — disse James — «e agarra-te bem».
Daí a pouco tocaram no solo e James impediu Margarida de se magoar. «Onde está o caderno de apontamentos? Ficou no avião?» — perguntou James e a Margarida explicou-lhe que era Jonas quem o tinha.
James ficou radiante com a informação e apontou para o local, a centenas de metros, onde Jonas pousara. «É aquele ali?» — quis saber. Margarida concordou e finalmente perguntou o que era tudo aquilo.
James explicou que era jornalista e que o que Philip, Jonas e os falsos polícias procuravam era aquilo que ele se preparava para divulgar: as conversas secretas de governos europeus captadas por uma célula da NSA a trabalhar na Base das Lajes. Os falsos polícias eram da CIA, enquanto que Philip e Jonas trabalhavam para o MI5. «Mas não te preocupes.» — acrescentou — «Tenho comigo um dispositivo que emite um sinal e em breve colegas meus virão aqui buscar-nos. Além disso, aqueles quatro já não se interessam por nós. Ora olha.»
E Margarida viu que os falsos polícias iam a perseguir Philip e Jonas.
Os contos de 3º grau é uma rubrica escrita por episódios por 6 matemáticos. De cindo em cinco dias, um episódio. No final de cada mês temos o fim da história. Desde fevereiro até julho foram escritas 6 histórias todas diferentes com finais sempre surpreendentes. Leia ou releia nas férias estes contos e ria-se com a matemática de cada conto.