Valor Absoluto por Paulo Correia

Matemática


              

              


Opiniões, reflexões e observações, sem pretensões... A Matemática, o Ensino da Matemática e outros aspetos relacionados, serão por aqui vistos e comentados, com algum humor - sempre pelo lado positivo e "moduladas" pelo exercício da profissão docente.          

 

Paulo Correia - Professor de Matemática da Escola Secundária de Alcácer do Sal e responsável pela página mat.absolutamente.net                      


artigo de maio de 2013  

Clube de Matemática SPM


Título: Estimar (n)a Matemática


Gosto palavras com dois ou mais significados, podem ser usadas para dizer frases que possibilitem várias interpretações... O verbo “estimar” é uma destas palavras: Estimo que a estimativa seja muito estimada!

Estimar a Matemática, no sentido de nutrir por alguém ou alguma coisa um sentimento positivo, tem sido referida numa formulação mais eloquente – desenvolver atitudes positivas relativamente à Matemática – e tem sido identificada como um fator essencial no sucesso do ensino e aprendizagem da Matemática, que deve ser assumido e enquadrado no ensino de forma explícita.

Estimar a Matemática é também perceber, e assumir, a relevância para a interpretação da sociedade e da realidade, muito para além da visão redutora, defendida por alguns matemáticos e não-matemáticos, que a pretende restringir às quatro operações elementares e cálculo de algumas áreas.

Estimar também tem sido entendido como uma das competências importantes em Matemática, quando entendida como a capacidade de fazer previsões razoáveis ou indicar valores plausíveis sobre algum tipo de medida ou quantidade... e também tem merecido a estima de Matemáticos e Educadores Matemáticos. Entender a Matemática como um conjunto de factos e conceitos, sem lugar para competências é deixar de fora a capacidade de fazer estimativas.

Enrico Fermi, um físico italiano, costuma colocar questões sobre quantidades impossíveis de calcular ou medir, como o objetivo de suscitar estimativas tão sustentadas quanto possível. Existem muitos exemplos destas questões e das respetivas respostas... umas famosas, outras divertidas, quase todas intrigantes e desafiadoras... 

Quantos afinadores de piano vivem em Nova Iorque? Quantas gomas cabem num vaso com capacidade de 1 litro? Quantos cabelos existem numa cabeça? Quantas “sandes de courato” são vendidas nos estádios de futebol da primeira liga, numa época? (o formulação original desta última questão reportava-se ao basebol e contava cachorros-quentes).

Este tipo de questões ficaram conhecidas como “Perguntas de Fermi” ou “Estimativas de Fermi”. Naturalmente, da resposta só importa a plausibilidade da mesma, o essencial é o raciocínio e argumentação que sustentam a resposta (outras competências que merecem a nossa estima).

É essencial que se estimem as estimativas... em Singapura (o país com melhor desempenho no último estudo internacional – o TIMMS 2011) a estimativa é uma das sete competências identificadas como essenciais no currículo de Matemática... por cá estamos a substituir documentos curriculares que a valorizam por outros que a ignoram... será falha de memória? Não deve ser, porque memória é muito estimada nestes documentos! 




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Valor Absoluto de maio de 2013 - Estimar (n)a Matemática

Valor Absoluto de abril de 2013 

Valor Absoluto de março de 2013 Matemática no Feminino

Valor Absoluto de fevereiro de 2013 A Desmaterialização de um conceito...ou o fim das máquinas de calcular

Valor Absoluto de janeiro de 2013 O presente é o Passado do Futuro 
Publicado/editado: 11/05/2013