Valor Absoluto por Paulo Correia

Eixos de Opinião outubro 2013



 


Opiniões, reflexões e observações, sem pretensões... A Matemática, o Ensino da Matemática e outros aspetos relacionados, serão por aqui vistos e comentados, com algum humor - sempre pelo lado positivo e "moduladas" pelo exercício da profissão docente.              

 

Paulo Correia - Professor de Matemática da Escola Secundária de Alcácer do Sal e responsável pela página mat.absolutamente.net     



Valor Absoluto por Paulo Correia  

artigo de outubro de 2013  

Clube de Matemática SPM


Título: Muitas matemáticas! Escolhemos (só) uma?


De vez em quando apelidam-me de “matemático”... título com o qual nunca me senti confortável. Poderia dizer que não mereço tamanha honra, ou que o título perdeu muito prestigio recentemente, mas nenhuma das razões é correta. Julgo que nem a minha atividade profissional ou a utilização que faço da matemática se enquadra no meu conceito de “matemático”. O Arsélio Martins (que vou definir como “professor de matemática”) colocou a diferença entre as duas definições com a clareza que os (melhores) “professores de matemática” conseguem, mas todos os “matemáticos” apreciam (veja aqui). 

Mas a lista de “atores” matemáticos não se esgota nestas duas entradas... para além dos matemáticos (que demonstram resultados e valorizam a abstração) e dos professores de matemática (que dependem da comunicação), existem também investigadores em educação matemática (que analisam de forma rigorosa e sistemática a melhor forma de ensinar e aprender matemática). E a lista ainda não fica completa... os engenheiros usam matemática (muito preocupados com boas estimativas, margens de erro e verificações), os economistas usam matemática (julgo que devem ser os maiores apreciadores de pontos de inflexão), os arquitetos usam matemática (levando o rigor geométrico para além do limite da maioria dos matemáticos), e poderíamos continuar a acrescentar entradas a esta lista...

Como existem muitos “atores” matemáticos, será natural assumir vários “palcos” – ou seja – várias matemáticas. Claro que invocar uma  multiplicidade de matemáticas pretende enfatizar uma variedade de abordagens e utilizações e não desconstruir a unicidade e a conexão das diferentes áreas da matemática. Neste pressuposto de “muitas matemáticas” é tentador estabelecer uma relação entre as matemáticas e os atores matemáticos... Qual é a matemática dos matemáticos? E a matemática dos professores de matemática? E a matemática dos engenheiros? E a matemática dos economistas? E a matemática dos cidadãos?  
Se concordamos que existem todas estas “matemáticas”, uma questão que se coloca, é qual delas deve ser ensinada na escola? Respostas prudentes serão “um pouco de todas”, ou “depende da idade”. Mas... será que a abrangência desejada não está a ser preterida pela profundidade inadequada? Ou seja, a “matemática dos matemáticos” não está a ocupar demasiado espaço (e tempo) nos currículos – de todas as idades – retirando importância e protagonismo à “matemática dos cidadãos”?





Artigos anteriores:

Valor Absoluto de outubro de 2013 - Muitas Matemáticas! Escolhemos (só) uma?

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Valor Absoluto de julho de 2013 - Leve a Matemática de férias 

Valor Absoluto de junho de 2013 - Uma Bolacha (Im)provável 

Valor Absoluto de maio de 2013 - Estimar (n)a Matemática

Valor Absoluto de abril de 2013 - Aproveitar melhor os Restos 

 Valor Absoluto de março de 2013 Matemática no Feminino

Valor Absoluto de fevereiro de 2013 A Desmaterialização de um conceito...ou o fim das máquinas de calcular

Valor Absoluto de janeiro de 2013 O presente é o Passado do Futuro 
Publicado/editado: 11/10/2013