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Todos os meses, no dia 1, Miguel Abreu, Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, escreve as suas "(Di)visões" sobre o mundo que o rodeia. Estes artigos poderão ter uma componente matemática, mas serão essencialmente uma opinião sobre os mais variados aspectos da sociedade: ciência, política, desporto, ensino entre outros assuntos.
Miguel Abreu - Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática
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Escrevo-vos dos EUA, mais precisamente da Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, onde está agora o meu colega, amigo e compadre, Rui Loja Fernandes, que vim visitar e com quem vou trabalhar durante esta semana.
Cheguei cá na altura decisiva dos play-offs de basquetebol masculino universitário norte-americano, mais conhecida por March Madness. Ao contrário do futebol americano universitário, que tem as "bowls" de que vos falei brevemente no (Di)Visões de Janeiro, o basquetebol universitário tem um torneio final com 64 equipas, que é disputado em sistema de play-off. A escolha destas equipas é feita com base nos resultados da época regular, em que cada uma jogou trinta e poucos jogos, sendo 16 equipas por cada uma das 4 regiões em que se dividem as universidades para este efeito: Norte, Sul, Este e Oeste. O quadro completo de equipas e jogos deste ano pode ser visto aqui e podem ler em um artigo interessante sobre o dinheiro e a matemática envolvidos na possibilidade de se conseguir acertar antecipadamente nos vencedores de todos os jogos do torneio.
Só uma minoria dos jogadores envolvidos é que vai ter oportunidade de fazer carreira profissional a jogar basquetebol e serão ainda muito menos os que vão chegar à NBA. No entanto, e apesar de haver jogos da NBA a ser transmitidos na mesma altura, o público norte-americano adere em massa à March Madness. Os jogos têm um ambiente e entusiasmo únicos, sendo também jogados com muita qualidade, intensidade e emoção.
Cheguei neste passado fim de semana, quando se disputaram as finais de cada uma das 4 regiões, i.e., os quartos de final do torneio que aqui são conhecidos por Elite Eight. Estava com esperança de ver a "minha" Universidade de Stanford a jogar, mas foram eliminados na ronda anterior, a chamada Sweet Sixteen. Qualquer um dos 4 jogos da Elite Eight teve mais de 15.000 espectadores no pavilhão em que foi disputado (um deles teve mais de 35.000!!!), com muitos milhões a assistir à transmissão televisiva. As 4 equipas vencedoras (U Florida, U Wisconsin, U Connecticut e U Kentucky) vão disputar a Final Four no próximo fim de semana, no Texas, com meias-finais no Sábado e grande final no segunda-feira, 7 de Abril.
Já não estarei nos EUA nessa altura. Estarei de volta em Portugal, a acompanhar outra grande final: a final das Olimpíadas Portuguesas de Matemática, que vai ter lugar em Aveiro. Parabéns a todos os finalistas, onde incluo não só os alunos mas também os pais e professores que os apoiam e acompanham. Aproveitem bem mais uma oportunidade para conviver e competir, com a matemática como pano de fundo. Boa sorte para todos!