N(eur)ónios por Tiago Fleming Outeiro - Portugueses a brilhar na Alemanha

Eixos de Opinião de Maio de 2019

Tiago Fleming Outeiro - Director of Department of Experimental Neurodegeneration Center for Nanoscale Microscopy and Molecular Physiology of the Brain - University Medical Center Goettingen (Ver +)


Título: Portugueses a brilhar na Alemanha

Neste segundo artigo do “N(eur)ónios”, resolvi apresentar-vos a minha equipa no Departamento de Neurodegeneração Experimental da Universidade de Goettingen. Trabalho com pessoas que estão em várias etapas da sua formação científica: estudantes de Mestrado, estudantes de Doutoramento, e pós-doutorados (postdocs). Trabalho também com técnicos de laboratório, uma responsável pela informática, e o meu braço direito (e esquerdo), a minha secretária. Os estudantes e postdocs são o principal “motor” do laboratório, pois são, na verdade, as minhas mãos, os meus olhos, e muitas vezes o meu cérebro. Passo a explicar. Desde que terminei a minha formação, e me tornei responsável por um grupo de investigação, o meu papel como investigador passou a ser outro. Deixei de ter tempo para fazer experiências no laboratório, e passei a ser mais um gestor do grupo. Assim, as pessoas do meu grupo são quem faz as experiências que eu já não tenho tempo para fazer. Nesse sentido, são eles as minhas mãos, os meus olhos ao analisarem os resultados, e até o meu cérebro, pois ajudam-me a interpretar e a pensar sobre o significado do trabalho que fazemos.

Quem são eles? Este é o propósito deste texto. São um grupo muito internacional, com pessoas da Alemanha, da Grécia, de Espanha, da China, do Iémen, do Brasil, e de Portugal. E como vos falo em Português, é destes que vos quero falar em mais detalhe, para que conheçam um grupo de Portugueses a trabalhar numa Universidade de referência na Alemanha. Os seus nomes são Patrícia Santos, Renato Domingues, Inês Brás, e Diana Lázaro. São 3 estudantes de doutoramento e uma postdoc, que estão a formar-se para, mais tarde, se tornarem investigadores independentes, ou para usarem a sua formação de acordo com os seus interesses. Acima de tudo, a investigação e a ciência procuram treinar pessoas para que sejam capazes de pensar e solucionar problemas complexos. Espero assim dar o destaque merecido a estes Portugueses que escolheram vir para a Alemanha, expondo-se a um meio diferente, e tirando partido de condições excelentes, que lhes permitem aprender a fazer ciência de ponta, num país com óptimas condições. Tomem nota dos seus nomes, pois espero que venham a ouvir falar muito destes jovens cientistas Portugueses a brilharem na Alemanha. 

“Então e o que fazes tu?”, perguntarão alguns. Acreditem que não passo os dias a relaxar. A mim compete-me orientar estas pessoas, aconselhar, pensar nas experiências que devemos fazer, preparar candidaturas a projectos para obtermos financiamentos, escrever os artigos científicos onde descrevemos as nossas descobertas. Dou também algumas aulas, em programas de Mestrado e Doutoramento, dou palestras em congressos científicos para apresentar o nosso trabalho aos outros investigadores, e tenho a sorte de poder interagir com muitos colegas em todo o mundo, o que torna o meu trabalho extremamente estimulante e desafiante. É um trabalho stressante, pois obter financiamentos é extremamente competitivo, e sem financiamento não podemos trabalhar. Mas é um trabalho apaixonante, que me estimula diariamente, e me faz querer aprender mais, para podermos chegar mais longe, estando sempre na fronteira do conhecimento.

Publicado/editado: 22/05/2019