Tábuas babilónicas reescrevem a história da matemática e da astronomia?

Clube de Matemática SPM

Trustees of the British Museum/Mathieu Ossendrijver

Tábuas babilónicas reescrevem a história da matemática e da astronomia?

Pensava-se que os antigos astrónomos da Babilónia apenas usavam aritmética simples para prever as posições dos corpos celestes e para seguir e registar o movimento do sol, da lua e dos planetas. No entanto, a descoberta de uma tábua cuneiforme de 350 a 50 a.C. mostraram que os babilónios não apenas seguiam o movimento de um corpo celeste, neste caso o planeta Júpiter, como também estavam a dar os primeiros passos da geometria ao cálculo para descobrir a distância que ele percorria no céu. 

O astroarqueólogo Mathieu Ossendrijver, da Universidade Humboldt em Berlim, encontrou três tábuas de argila babilónicas enquanto vasculhava as coleções do Museu Britânico. Nas suas próprias incursões no Museu Britânico, Ossendrijver não estava à procura de evidências de novas matemáticas, apenas de interessantes tábuas astronómicas. No final, encontrou três com evidências de cálculos baseados no trapézio, incluindo aquela que mostra claramente o feito matemático de aplicar a técnica às observações de Júpiter. 

A descoberta desta tábua de argila pode reescrever a história da matemática e da astronomia pois sugere que os astrónomos antigos usaram conceitos matemáticos que os historiadores pensavam terem surgido muitos séculos depois na Europa do século XIV. Pela primeira vez foram encontradas evidências diretas de que os babilónios usavam matemática abstrata para a astronomia e que usavam a geometria séculos antes do que se pensava.

As tábuas foram originalmente encontradas perto de um templo de Marduk, uma divindade babilónica representada por Júpiter. Ossendrijver pensa que o autor era um dos sacerdotes-astrónomos do templo.

O registo escrito fornece instruções para estimar a área sob uma curva, através da área dos trapézios desenhados abaixo da curva. Usando esses cálculos, a tábua mostra como encontrar a distância que Júpiter viajou num determinado intervalo de tempo. Este tipo de uso de trapézios não se conhecia na Europa antes do século XIV.

Pode visualizar este método no vídeo seguinte do canal Khan Academy:

O método do trapézio envolve estudar a taxa com que Júpiter se move e então traçar a velocidade do planeta em relação a um determinado número de dias num gráfico x-y. O resultado deve ser uma curva no gráfico. Descobrir a área dos trapézios sob esta curva dá uma aproximação razoável de quantos graus o planeta se moveu num determinado período.

As tábuas babilónicas que indicavam esta habilidade já tinham sido encontradas antes. Otto Neugebauer, um conhecido estudioso da área, identificou duas dessas tábuas décadas antes, mas encontravam-se incompletas. 

Mathieu Ossendrijver disse acerca dos babilónios:

"They wrote reports about what they saw in the sky and they did this over a very long period of time, over centuries.”

Referiu também:

“The Babylonians had developed abstract mathematical, geometrical ideas about the connection between motion, position and time that are so common to any modern physicist or mathematician.” 

Do canal Science Magazine deixamos o vídeo que fala sobre este assunto. 


Fonte: https://www.smithsonianmag.com/science-nature/ancient-babylonians-were-using-geometry-centuries-earlier-thought-180957965/
https://www.sciencemag.org/news/2016/01/math-whizzes-ancient-babylon-figured-out-forerunner-calculus?utm_source=general_public&utm_medium=youtube&utm_campaign=babylon_video-2134
https://www.bbc.com/news/science-environment-35431974

Por Adília Marinho

Publicado/editado: 26/05/2021