Linhas e Pontos por Carlos Marinho
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Este
espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em
que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas
"linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a
objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas"
que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as
coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.
Carlos Marinho -
Coordenador do Clube da Matemática da Sociedade Portuguesa de Matemática
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Título: Tijolo a tijolo se constrói a matemática
Todos concordamos que a matemática é alma mater de todas as ciências, é a base de tudo, logo é uma área nuclear de qualquer jovem/aluno. Ter o direito de aprender matemática é fundamental para qualquer estudante. Para que este objectivo se concretize é necessário que uma pluralidade de factores se articulem, desde logo, a qualidade de quem transmite conhecimentos até aos receptores (alunos) que têm a função (obrigação) de aprender.
Esta semana está a passar na rádio M80 - Porto uma entrevista que o José Araújo me fez onde colocou uma questão pertinente. Porque razão a matemática é difícil para uma grande parte dos alunos?
A minha resposta foi mais ou menos esta: "existem um conjunto alargado de razões. A matemática é uma disciplina onde tem de se trabalhar todos os dias. Os conteúdos nesta disciplina estão encadeados. Por exemplo, no 7º ano de escolaridade dá-se pela primeira vez as equações simples e com parênteses. No oitavo ano, ensina-se as equações com parênteses e denominadores. A ausência do conhecimento de 7º ano provoca um problema de difícil resolução. No 9º ano, evoluímos para equações de 2º grau, sistemas de equações e inequações onde os conteúdos supracitados são vitais."
Se não cuidarmos desta construção, mais cedo ou mais tarde, vai surgir um nó górdio difícil de resolver. Um exemplo pode ser mais ou menos como o nosso corpo. Enquanto novos podem-se fazer algumas asneiras mas com o tempo o nosso organismo vai ceder às asneiras alimentares e afins. Se quiserem um segundo exemplo, a aprendizagem da matemática faz-me lembrar aquelas lanternas /gambiarras de natal que quando falha uma simples e minúscula lâmpada põe em causa toda a iluminação. Quantos de nós já passou uma parte do seu natal a tentar arranjar a tal luz que por mais pequena que seja põe em causa toda luz da gambiarra.
A construção dos conhecimentos em matemática tem de ser realizado com trabalho, dedicação, e esforço numa relação positiva em contexto de sala de aula entre professor e aluno conjugado com outros factores muito importantes, a saber, a disciplina.
Miguel Zabalza narra uma pequena história que se adapta a este cenário. “...numa das suas viagens, Chesterton visitou um lugar em que se estava a iniciar uma construção. Aproximou-se de um dos operários e perguntou-lhe o que ele estava a fazer. O operário respondeu-lhe que estava a picar uma pedra para que a mesma ficasse lisa e quadrada. De seguida, falou com outro operário e fez-lhe a mesma pergunta, tendo este respondido que estava preparando uns pilares que suportavam uma parede. E questionando operário em operário, foram-lhe dizendo em que consistia o respectivo trabalho. Finalmente falou com outro que lhe disse que estava a construir uma catedral”.
Cada operário é um conteúdo e a catedral é a matemática.
O local onde esta aprendizagem da matemática tem de ser feita, com todas as dificuldades que possam existir é a escola. Todos ganhamos com isso.
Albert Einstein referiu que “a escola sempre foi o mais importante veículo para a transmissão da riqueza da tradição de uma geração para a seguinte. Isto, hoje em dia, é ainda mais verdadeiro do que outrora, já que o moderno desenvolvimento económico tem contribuído para enfraquecer o papel da família como suporte da educação. O vigor, ou até a própria existência, da sociedade humana está portanto mais do que nunca dependente da escola”.
Tijolo a tijolo se constrói a matemática...
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