Dado o ambiente geral que se vive no país, as escolas são um dos principais palcos onde se desenrolarão os sofrimentos, as angústias, os medos, os desesperos e as prováveis revoltas. Quando não há luz no fundo do túnel; quando não há tecto e parece só haver ruínas; quando a classe média está ameaçada de extinção por muito graves culpas alheias, é óbvio que estes rastilhos vão chegar às escolas – únicos lugares de encontro (e de abrigo) de milhões de portugueses.
Por isso, os climas de escola tenderão a ser bastante mais disruptivos, bastante mais ameaçadores; muito menos favoráveis às aprendizagens, à convivência, ao crescimento saudável.
Esta é uma grande ameaça ao projecto de escola. Um grande desafio às lideranças. Uma responsabilidade acrescida dos professores (mas será que poderão aguentar mais)? Que exige um grande esforço de solidariedade profissional, um reforço da comunicação biunívoca entre a escola e as famílias. Uma grande capacidade de atenção, proximidade e escuta.
Vivemos no fio da navalha, sob o perigo de explosão e de guerra civil. Tenho de acreditar que vamos saber sobreviver. Tenho de acreditar no milagre da educação. E no poder inesgotável das escolas e dos professores. Mais uma vez, um bem de primeira necessidade.