No início de um dos documentos matemáticos mais antigos, o famoso papiro de Rhind, transcrito pelo escriba Ahmosé há mais de 3500 anos, está escrito:
«Método correcto de calcular, para compreender o significado das coisas e conhecer tudo o que há, todas as coisas obscuras e todos os segredos»
Na introdução do livro «Aritmética», escrito por Diofanto de Alexandria há uns 1760 anos, lê-se:
«Sabendo, meu estimado amigo Dionísio, que está ansioso por aprender como investigar problemas sobre números, tentei, começando pelos fundamentos sobre os quais a ciência é construída, demonstrar a natureza e o poder que reside nos números.
Talvez o assunto pareça um pouco difícil, na medida em que não é ainda familiar (os principiantes são, regra geral, demasiado inclinados a desistir), mas você, com o impulso do seu entusiasmo e os benefícios do meu ensino, vai ver que é fácil de dominar; pois a ânsia de aprender, quando ajudada pela instrução, garante um rápido progresso.»
Numa carta dirigida à matemática francesa Sophie Germain (1776 -- 1831), o matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777-- 1855) escreveu:
«O gosto pelas ciências abstractas em geral e, acima de tudo, pelos mistérios dos números é excessivamente raro. Isto não deve surpreender, uma vez que os atractivos encantadores desta ciência sublime se revelam apenas àqueles que têm a coragem de nela penetrar a fundo.»
Duas coisas são claras destas citações:
1) o fascínio pelos mistérios dos números, e pela Matemática em geral, é muito antigo e alguns seres humanos, ao longo dos tempos, não resistiram a tentar desvendar alguns dos seus segredos mais íntimos;
2) a maior parte das pessoas não chega a conhecer esse fascínio porque desiste demasiado cedo, e porque não tem a coragem necessária para penetrar um pouco mais fundo nos encantos desta disciplina multimilenar.
Deixo pois aqui o desafio ao leitor de, com perseverança e coragem, procurar conhecer esses dois textos antiquíssimos, o papiro de Rhind e a Aritmética de Diofanto. Asseguro-lhe que neles estão contidas coisas mais belas que as pedras preciosas mais perfeitas e refinadas.