Entre Parênteses () por António Machiavelo



  

  

O que é a Matemática? Para que serve? Como é a Matemática usada no dia-a-dia? Que vantagens traz para a sociedade? E para o indivíduo, que vantagens há em saber Matemática? Estas são algumas das questões que serão abordadas nesta rubrica, onde se abrirão pequenos parênteses para oferecer temas para reflexão e perspectivas talvez ligeiramente diferentes das usuais sobre a Matemática e a sua importância. 

 

António Machiavelo - Departamento de Matemática da FCUP

 



Artigo de Março                     


Título: Ahmosé, Diofanto, Gauss e um desafio

No início de um dos documentos matemáticos mais antigos, o famoso papiro de Rhind, transcrito pelo escriba Ahmosé há mais de 3500 anos, está escrito:


«Método correcto de calcular, para compreender o significado das coisas e conhecer tudo o que há, todas as coisas obscuras e todos os segredos»


Na introdução do livro «Aritmética», escrito por Diofanto de Alexandria  há uns 1760 anos, lê-se:


«Sabendo, meu estimado amigo Dionísio, que está ansioso por aprender como investigar problemas sobre números, tentei, começando pelos fundamentos sobre os quais a ciência é construída, demonstrar a natureza e o poder que reside nos números.


Talvez o assunto pareça um pouco difícil, na medida em que não é ainda familiar (os principiantes são, regra geral, demasiado inclinados a desistir), mas você, com o impulso do seu entusiasmo e os benefícios do meu ensino, vai ver que é fácil de dominar; pois a ânsia de aprender, quando ajudada pela instrução, garante um rápido progresso.»


Numa carta dirigida à matemática francesa Sophie Germain (1776 -- 1831), o matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777-- 1855) escreveu:


«O gosto pelas ciências abstractas em geral e, acima de tudo, pelos mistérios dos números é excessivamente raro. Isto não deve surpreender, uma vez que os atractivos encantadores desta ciência sublime se revelam apenas àqueles que têm a coragem de nela penetrar a fundo.»


Duas coisas são claras destas citações:


1) o fascínio pelos mistérios dos números, e pela Matemática em geral, é muito antigo e alguns seres humanos, ao longo dos tempos, não resistiram a tentar desvendar alguns dos seus segredos mais íntimos;


2) a maior parte das pessoas não chega a conhecer esse fascínio porque desiste demasiado cedo, e porque não tem a coragem necessária para penetrar um pouco mais fundo nos encantos desta disciplina multimilenar.


Deixo pois aqui o desafio ao leitor de, com perseverança e coragem, procurar conhecer esses dois textos antiquíssimos, o papiro de Rhind e a Aritmética de Diofanto. Asseguro-lhe que neles estão contidas coisas mais belas que as pedras preciosas mais perfeitas e refinadas.




Todos os meses, no dia 6 de cada mês:

 

 

Artigo "Entre Parênteses ()"de Março - "Ahmosé, Diofanto, Gauss e um desafio"

 

Artigo "Entre Parênteses ()"de Fevereiro

 

Artigo "Entre Parênteses ()"de Janeiro

Artigo "Entre Parênteses ()"de Dezembro - "A Matemática, Helena e os Romanos" 

 

Artigo "Entre Parênteses ()"de Novembro - "A Matemática como um desporto radical" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de Outubro - "Matemática e Indústria: Uma relação simbiótica"  

 

Artigo "Entre Parênteses ()"de setembro - "Pontos, Linhas e a Estrutura do Universo" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de julho - "As Origens da matemática e as noites de verão" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de junho - "A Magia dos Telemóveis" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de maio - "O Poder da Matemática II" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de abril - "O Poder da Matemática I" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de março - "A Invisibilidade da matemática" 


Artigo "Entre Parênteses ()"de fevereiro - "Perguntas, perguntas e mais perguntas" 

 

Artigo "Entre Parênteses ()"de Janeiro - "Perguntas, respostas, abstracções e um exemplo concreto"

Publicado/editado: 12/03/2012