A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de sequestro, rapto, prisão, violências de várias naturezas e em que a vítima desenvolve sentimentos de lealdade para com o sequestrador apesar da situação de perigo em que se encontra colocada.
Partindo desta definição e desta metáfora poderemos sustentar que a ação educativa e formativa – e designadamente os seus autores centrais, os professores – vive com esta síndrome? Que vive prisioneira de políticas erráticas e sem consistência, apenas preocupadas com aparentes resultados finais revelados em exame tradicional? Que vive submersa numa contínua dependência centralizadora que asfixia a vontade de invenção e de voo? Que vive enredada na lógica do simulacro e do faz de conta? Que, paradoxalmente, manifesta uma certa complacência em relação a quem a menoriza e asfixia?
As respostas não podem ser lineares. Mas se olharmos a realidade deste ponto de vista talvez nos seja permitido ver que as escolas e os professores permanecem reféns do Minotauro. Que tem muitos nomes: a contínua experimentação legislativa, a desautorização sistemática dos professores, o centralismo exacerbado, a expropriação dos espaços e dos equipamentos públicos via Parque Escolar, a desinserção territorial das escolas e a consequente desertificação económica a nível local (gerada pelo mesmo operador) , o controlo a priori de simples atos administrativos, a perda da autonomia administrativa…
É uma síndrome pouco visível que retira o seu poder deste estatuto. Mas que nos deve alertar para o risco de colapso que temos o dever de alertar.